terça-feira, 30 de setembro de 2014

FALENAS, FALENAS - wikcionario verbete etimo


Corpo hirto em um esquife :
esta uma definição de morte
( ou da morte?!).
Não um definir somente,
mas um definhar também
com rumo de demonstração 
através da ciência cênica do deus Thanatus
versus ciência cínica do homem do vulgo,
vulto transtornado em médico e monstro
na parede iluminada à vela.
Vela padrão.Cefeidas.
Vela no cais do porto
enfunada pelo ventre do vento
em veleiro velado.

Alaúde, Alaide, para a elegia
de Maria de Lourdes, minha mãe!
Alaúdes!

Um ataúde
não é uma alaúde.
O alaúde é um instrumento melódico
da família dos cordofones
e a música do alaúde
cabe na alma do mel;
por isso, a  melodia,
de-dia e noite-e-dia
toca à Via Sacra
que terminou para Maria de Lourdes Gribel,
porém continua para mim
no alaúde que pude 
por em arranjo de aliteração
ao modo Cruz e Souza de trinar, doutrinar.

Toca alaúde, Alaíde,
para Maria de Lourdes
viva em virtude,
agora em mansuetude...
de arroio que brinca de saltar pedras
nas perdas da madugada.

O ataúde que, no árabe grafado,
também aponta para a substância da madeira,
matéria em celulose,
é feito para guardar morto
desatado do contorno melódico,
mas ainda atada ao lúdico,
mesmo o mais módico
que chega  a beirar
o beiral do silêncio,
no qual pousa um cantochão
distante algumas jardas de mosteiros,
 abadias frias dadas em côvados covardes
e conventos, que há de convir,
são cenóbios,  casas cenobiais, monastérios,
lugares para vida contemplativa
daqueles monges com face de terra
e daquelas monjas que amam a Deus
sendo reciprocados 
pelo amor de Deus,
ó  amados e amadas,
que o são no sal da vida sã, santa, sanada...
- O alaúde tem abelhas
tecelãs terceiras da Ordem das avelãs e amêndoas
e  do mel que doa da lã melódica,
lânguidas, longas melíferas colmeias...
lançadas do cântico do alaúde
que eleva a alma da minha mãe
ao espírito que se esvazia
nos foles de Deus, do céu,
os  quais se expandem em plenos pulmões
com a música da sanfona ou acordeão
que acorda o acordo
na corda musical do pacto
que o senhor mandou sangrar
para poder assinar
com o sinal de sina do arco-íris
que conta ariris em neblina matinal
pelo grito nos céus
acima de telhado gris
que rebaixa os anis
ao nível dos homens vis.

Alaúde, Alaide, para prantear
o passamento de minha mãe,
 Maria de Lourdes,
senhora dos alaúdes,
- que eu a nomeio assim
com minha autoridade de homem livre.

Entrementes, se é a  vida da minha mãe
que me escapa pelas frinchas dos dedos
no tempo serpenteado pelas areias
divididas na ampulheta do homem
e soltas no Relógio de Areia do cosmos constelado,
tal qual um Adão com costela,
no período das águas,
com a clepsidra humana
separando águas de tempo,
- Nos instantes de luz,
que fazer e a quem instar?!
A que deus?!
A que lua, a que loa, 
- a que ladainha recorrer?
se o tempo em minha mãe
se transmutou em pedra
e de tempo involuiu para templo
tal qual o sangue do Mar Vermelho do corpo.

Posto o morto,
no caso, a morta,
a que porto
irá aproar, Eloá?
Em que momento soçobrará?!...
Posta a morta
a que porta
baterá?
À porta torta do batel
- que naufragou
e nem tinha porta
ou porto seguro
Aonde atracar?!...
Onde ir fugindo, à deriva...

O ataúde atou o corpo
de minha mãe
e o arrastou "redemoinhando"
para os subterrâneos
onde há Hades
e há-de haver catacumbas,
rio Estiges, barcas e Carontes.
O ataúde tocou-lhe a alma de alameda longa
que subiu aos céus
para encontrar um reino
todo dela,
todo mãe,
pronto e à espera
de sua soberana,
desde o rasto na areia
dos pés do primeiro tempo

em que ela pisou
na cabeça da serpente,
que é a vida :
mixórdia ou mescla de peçonha e remédio.

Mas se haverá céu e céus
nas acepções das palavras
para além dos azuis,
- o que não haverá
 senão todo o impossível?

No céu que creio
está o sol
plantado com se fora
um olho ciclópico,
o mar embaixo a remar

na preamar, baixa-mar...
e o luar encimando...- tudo,
porquanto  os deuses saem e entram em mim
assim como emergem as ervas da terra,
as víboras das tocas...
 
Deus deixa a caverna
que tenho dentro de mim;
sai silente com  o querubim e o serafim
da sua comitiva divina,
com seu séquito angélico,
tal qual saem corujas, mochos e morcegos
de seus valhacoutos.
A única fé que tenho,
trago-a em mim;
a única razão em que creio
e com a qual mensuro e conto
está dentro de mim :
o resto é xarope de groselha
para inglês beber.

Minha mãe faleceu;
no entanto,  metade do corpo dela
( corpo vem com água de alma e alga,
espírito de fogo)
foi deixado de legado vivo
em meu corpo,
pois a outra metade do meu organismo
pertence ao meu pai,
continuando, pois, o casamento deles
a viger dentro do meu corpo.

No que creio
é que minha mãe
que acaba de falecer
tem uma metade em mim
que a morte não pode levar
nem com seu exército bilionário de bactérias,
- pois metade do seu corpo
( e no corpo vai alma em água
e espírito em fogo)
ela me deixou de legado vivo :
- a metade do corpo que fora dado a ela
na herança genética.
Na outra metade do meu corpo
vive meu pai,
ambos casados
em corpo, alma e espírito
dentro de mim!

Do exposto, depreende-se que a metade
que foi pasto das bactérias comensais
pertencia a ela
- que teve que morrer pela metade,
pois a morte não se completa
senão depois de largo ciclo de vida
quando a outra metade morre
em todos os filhos e netos,
bisnetos,  tataranetos...
- e vai gerações! quase sem fim
a cavaleiro do fim. 

Ao ver minha mãe no "sarcófago",
contemplei pela terceira vez
a minha própria morte,
ainda de posse da consciência-corpo
que me faz recordar
da minha existência 
- até o dia do Senhor,
quando meu corpo for desconectado
do aparato vivo  da natureza
e minha memória corporal
fugir pela janela
Através de uma rede de falenas(falenas)
Que levarão minha memória consciente,
A qual multiplica o milagre
De abrir minha consciência
No encadeamento de atos e fatos
Que constituem o tempo:
O tempo do ser é o presente,
- o resto é tempo sem  ser.

Antes do passamento de minha mãe
assisti meu passamento em minha  avó 
e posteriormente em meu pai..:
Toca Alaíde,
Toca alaúde...
Ficheiro:The musicians by Caravaggio.jpg
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terça-feira, 16 de setembro de 2014

SOLUTO, SOLUTO - verbete glossario wikcionario etimo

Rentier fws 1.jpg

Quando vejo um velho rio
A rolar de lágrimas
Tiradas ao arroio dos meus olhos
- Sofro da síndrome do coração partido!
com toda sua semiologia
Acessível à leitura clínica do leigo
( o leigo da literatura clínica
É o médico que soluça,
Mas não dá solução de continuidade
Ao soluto(soluto!) no solvente...- sovina!,
Insolvente,
-  inadimplente na economia do mercado xadrez
No jerez preto e branco
Que não vem do gargalo).

Um rio no olho
Um goivo no outro olho
Molho no molho d’água límpida
Que molha a mole do edifício
Com as  mágoas das grandes águas
Batendo nas fráguas
Ou represadas nas manadas
Dos dromedários, camelos e cactos...
Águas não são pragas de peixes
Apenas pescados em banhados.
O riacho seco
Acho seco no olho
Sem umidade de aljôfar
Nos pés descalços
De uma madrugada carmelita descalça
Livre do claustro.

 Tudo, tutti-frutti é um rio
Amarelo, verde, negro,
 branco no incolor-inodoro,
Douro, Arribas do Douro,
Douro Azul...
O rio São Francisco
De águas fracas
Está um pobrezinho
Que tiraram do berço ao colo
E não se calou nem parou de soluçar;
Sozinho zimbro pelo caminho
Em iluminara nos  cantos dos poetas lacrimosos
Em elegias doídas, puídas...
São Francisco metido em velho surrão
Mendiga o pão
Vive vergado sob a força contextual
Que o reveste do seu tempo,
Onde está preso,
Sob a pressão da máscara de ferro
Que ali soava fé,
Que pode ser  outra forma de se prantear
Na esteira da “Lacrimosa” de Mozart,
Réquiem de ré
Ou arredado do ré
Maior ou menor,
Mas em rito e ritmo de marcha
Do soldado italiano
Que foi São Francisco
Antes dos cânones...
Em ré para a retaguarda
Ou o retrocesso do retrógrado
Varado pelo atavismo avoengo
Em ungüento de soldado espanhol
Que saltou a elegia do poeta
Pranteando o toureiro Ignácio Sanchez Mejias
Morto às cinco horas da tarde
Com pompa de pomba e arte de marte a mártir
Na elegia do poeta Federico Garcia Lorca
- Ensaios ( “Magnum Opus”) à La Montaigne
Para  o seu próprio canto de cisne:
Este o rito do rio chorão
Suspenso no salgueiro-chorão,
Também salso chorão (“Salyx babylonica”),
Árvore  caducifólia...

O ribeirão seco
Seca os olhos
Que fica com o olho no peixe
E outro no gato.
Sobre as águas o dobre do silêncio do céu
Que ouço pesar sobre a ribeira
É refinado no ouvido
Nos ossos que mais não batem
Para se ouvir
O tambor que é o mundo
Em seu burburinho d’água.
Rumorejo por onde rumo
Na secura da saracura
Que sacoleja
Próxima ao fio d’água
Que ainda sussurra
E murmurando vai
Álveo abandonado fora
Pelos caminhos dos pés
Que deitam no delta
Toda a literatura de Anchieta na praia
E a geometria clássica,
Que é outra literatura
Não védica  nem médica,
Mas medida para a ciência caber e abarcar:
Ciência é literatura doutrinária,
Engenharia: literatura sobre materiais.
(- Sou, sei , -   sou toda uma literatura:
Sou o homem e o não sou,
Pois o homem não é o indivíduo,
Mas a sua divisão em Zagreu coletivo:
Decapitado, crucificado, esquartejado:
Dissecado enquanto objeto de ciência empírica).



O ribeiro que deita um rumorejo
Dentro de mim
Acorda um delta
Fora do tempo e espaço,
Na geometria euclidiana,
Por onde passa livre da existência
Num ser puro e feito
Da substância que devolve o nada
que sou eu – um homem e o homem
em corpo e sujeito
real , gramatical, geométrico... :
ser enunciado num postulado
que não contém ser ou existência.
( Existência é tensão:
Ser inação na tensão
que deslinda o conceito de nadidade
na nadificação que soa ação...
mas é apenas concerto para ação, cordas e sopros
de oboísta soprando o soprano
no oboé não egoísta : ensaísta de “Magnum opus”).

O remanso manso,
Ganso concebido para voar
Pela eternidade e pelo infinito,
Que é aquilo que torna eterno e infinito
O ser do homem,
O qual sabe a eterno e infinito
Ou inventou essas concepções
Que invibializa sua morte
Ou a arrasta da definição
Mesmo depois que o universo apagar-se
E ainda antes que surgisse
Servido pelas mãos do criador,
Que também se cria
Ao criar o que é
- o que sou
E sei que sou
Para além e aquém do cosmos
Torcido em galáxias
E goiabas esferóides.
Sou o que compreendo
E até onde compreendo ando,
Pois é aonde vou sem medo de fissuras.
Aonde não me compreendo
O ser me racha em dois
Com o não por expressão da fissura
Que abre o não ser,
Que é o ser bipartido,
O qual não sou,
Nem me compreende,
Tampouco me compreendo
Naquele Zagreu,
Avatar de Dionísio,
Partido em mil tiras pelos Titãs.
Dele restou vivo apenas o coração
Em acordo de acordeon...:
Coração num rio de sangue,
Pulsando, latindo vida latina,
Exuberante e luxuriosa
No corpo jovem do poeta Nono de Panópolis,
Épico na Dionisíaca
E  autor da Metábole,
Paráfrase de um  Evangelho
( Evangelho é uma torrente
Cujo delta, nascente e foz
Jorra da alma,
Espirra no e espírito...
Torrente de literatura,
Porquanto a literatura
Ostenta todo o conhecimento humano:
Erudição nada mais é que literatura canônica
E sendo a literatura constituída de signos
Falantes, pensantes e desenhados
Ela elenca símbolos no regime da gramática
Cujos objetos formam e informam a geometria:
Um pensar por figuras
Formadas da cobertura e contenção do espaço com formas
E do vagalhão quântico que já preconizara ou intuíra Euclides.
Como os signos e símbolos não podem com a amplidão da verdade
A literatura a fraciona e fantasia
Criando objetos separados
num universo uno e indivisível,
inseparável, portanto;
esses objetos que não existem
senão “in abstractum”
inventam a ciência, a religião, a filosofia, a poesia
e toda a doutrina do ser
e do não-ser que se pinta em preto
gato do mago e da feiticeira nada faceira
Em razão de tais dificuldades na heurística
Os médicos, os farmacêuticos e os químicos
E mesmo as Grandes Corporações de mercadores de dores
Desconhecem a maioria incalculável
dos efeitos dos fármacos
 na interação com fisiologia e fora desta interação,
os cientistas pouco mais conhecem da ciência
que sua política científica imbuída
por arengas abstrusas
e o empirismo tenta provar o improvável
no comportamento do objeto da ciência
quando objetos da ciência são inexistências cósmicas,
mas realidades realizadas pela ciência.
O que é hilariante
É que o universo
É apenas um verso do que sou
E não dou conta disso
Graças ao veneno
Que desvia minha mente
Da realidade nua e crua
No leite e na Via Láctea exposta
Em grande rio branco
Que aspira por se unir ao cacau “negro”
- presente dos deuses aos homens impolutos
Marcados por lutos e lutas ).

Um caribu com as patas metidas na tundra molhada
Sou eu , que sou um rio,
Um ser que se lança  noutros seres
E não estabelece qual o sujeito ou objeto,
Pois o ser é o não-ser
Ao mesmo tempo quase
Do que quer a doutrina heraclítica
Que Aristóteles almejou abolir,
Num universo em que não cabe sujeito e objeto,
Mas apenas teias de interação
Que faz pensar essa  cisão.
Sujeito e objeto é tão-somente dueto  prático
Para facilitar a comunicação,
Mas não realidade no corpo cósmico:
Realização para as linguagens matemáticas e discursivas.
Todavia, não sou o caribu,
Nem tampouco o rio:
A abstração que está na formação do zero e do um,
Que é  o ser e não-ser,
Que não sou dois,
Mas um unido
Por tudo e nada,
Pelo todo e pelo nada,
Somente pode ser individualizado como um,
Uma unidade, que se funda na raiz  da não-unidade,
Do zero ou do nada.
Não existe o dois para frente,
Pois são meras miragens de um, da unidade.
O caribu não existe,
Senão como ser de linguagem :
Um nada sem a unidade,
Ou seja, uma abstração,
Algo apenas mental, virtual;
Mas um caribu é uma realidade ,
Uma realização natural da junção do nada com o todo,
O zero com o um,
O ser com o não-ser,
Formando a unidades fundamental  á existência,
Ao respiro do ser .
O caribu não passa por lugar algum,
Mas um caribu passa
Em massa na manada com as patas sobre a tundra gelada;
passa em massa
E em manada pela  tundra gelada do Alasca...
E eu sou um caribu
Ao vê-lo passar
a passo de rebanho
Ganho pelos olhos.
Sou o texugo (“Taxidea taxus”),
O cão-guaxinim, cão-mapache,
A andorinha-das-barreiras(“Riparia riparia”),
O milho (“Maize”, “Zea mais”...),
O povo do milho: Maias...

( Ensaios  Poéticos-filosóficos  para o  Povo do Milho)
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